Oi pessoal.
Um dia desses falei aqui do Lenço dos Namorados.
Encontrei um lindo poema de Cecília Meireles sobre esse lenço e a história entre Maria Dortéia e Tomás Antônio Gonzaga
Vale a pena ler!
“Este é o lenço
Este é o lenço de Marília,
pelas suas mãos lavrado,
nem a ouro nem a prata,
somente a ponto cruzado.
Este é o lenço de Marília
para o Amado.
Em cada ponta, um raminho,
preso num laço encarnado;
no meio, um cesto de flores,
por dois pombos transportado.
Não flores de amor-perfeito,
mas de malogrado!
Este é o lenço de Marília:
bem vereis que está manchado:
será do tempo perdido?
será do tempo passado?
Pela ferrugem das horas?
ou por molhado
em águas de algum arroio
singularmente salgado?
Finos azuis e vermelhos
do largo lenço quadrado,
- quem pintou nuvens tão negras
neste pano delicado,
sem dó de flores e de asas
nem do seu recado?
Este é o lenço de Marília,
por vento de amor mandado.
Para viver de suspiros
foi pela sorte fadado:
breves suspiros de amante,
- longos, de degredado!
Este é o lenço de Marília
nele vereis retratado
o destino dos amores
por um lenço atravessado:
que o lenço para os adeuses
e o pranto foi inventado.
Olhai os ramos de flores
de cada lado!
E os tristes pombos, no meio,
com o seu cestinho parado
sobre o tempo, sobre as nuvens
do mau fado!
Onde está Marília, a bela?
E Dirceu, com a lira e o gado?
As altas montanhas duras,
letra a letra, têm contado,
sua história aos ternos rios,
que em ouro a têm soletrado...
E as fontes de longe miram
as janelas do sobrado.
Este é o lenço de Marília
para o Amado.
Eis o que resta dos sonhos:
um lenço deixado.
Pombos e flores, presentes.
Mas o resto, arrebatado.
Caiu a folha das árvores,
muita chuva tem gastado
pedras onde houvera lágrimas.
Tudo está mudado.
Este é o lenço de Marília
como foi bordado.
Só nuvens, só muitas nuvens
vêm pousando, têm pousado
entre os desenhos tão finos
de azul e encarnado.
Conta já século e meio
de guardado.
Que amores como este lenço
têm durado,
se este mesmo está durando
mais que o amor representado?”
Cecília Meirelles
(1901-1964)
Este é o lenço de Marília,
pelas suas mãos lavrado,
nem a ouro nem a prata,
somente a ponto cruzado.
Este é o lenço de Marília
para o Amado.
Em cada ponta, um raminho,
preso num laço encarnado;
no meio, um cesto de flores,
por dois pombos transportado.
Não flores de amor-perfeito,
mas de malogrado!
Este é o lenço de Marília:
bem vereis que está manchado:
será do tempo perdido?
será do tempo passado?
Pela ferrugem das horas?
ou por molhado
em águas de algum arroio
singularmente salgado?
Finos azuis e vermelhos
do largo lenço quadrado,
- quem pintou nuvens tão negras
neste pano delicado,
sem dó de flores e de asas
nem do seu recado?
Este é o lenço de Marília,
por vento de amor mandado.
Para viver de suspiros
foi pela sorte fadado:
breves suspiros de amante,
- longos, de degredado!
Este é o lenço de Marília
nele vereis retratado
o destino dos amores
por um lenço atravessado:
que o lenço para os adeuses
e o pranto foi inventado.
Olhai os ramos de flores
de cada lado!
E os tristes pombos, no meio,
com o seu cestinho parado
sobre o tempo, sobre as nuvens
do mau fado!
Onde está Marília, a bela?
E Dirceu, com a lira e o gado?
As altas montanhas duras,
letra a letra, têm contado,
sua história aos ternos rios,
que em ouro a têm soletrado...
E as fontes de longe miram
as janelas do sobrado.
Este é o lenço de Marília
para o Amado.
Eis o que resta dos sonhos:
um lenço deixado.
Pombos e flores, presentes.
Mas o resto, arrebatado.
Caiu a folha das árvores,
muita chuva tem gastado
pedras onde houvera lágrimas.
Tudo está mudado.
Este é o lenço de Marília
como foi bordado.
Só nuvens, só muitas nuvens
vêm pousando, têm pousado
entre os desenhos tão finos
de azul e encarnado.
Conta já século e meio
de guardado.
Que amores como este lenço
têm durado,
se este mesmo está durando
mais que o amor representado?”
Cecília Meirelles
(1901-1964)
Lindo poema de Cecília Meireles que nos mostra
dois personagens: o poeta exilado Tomás Antonio Gonzaga e Maria Doroteia, sua
noiva: a conhecida história da separação entre os dois.
Esse lenço, provavelmente, foi inspirado no
Lenço dos Namorados.
Linda poesia.Não conhecia!!beijos,ótimo fds!chica
ResponderExcluirLindo poema, ah sempre Cecília Meireles!!!
ResponderExcluirbeijos, bom fim de semana!
Um lindo poema, gostei muito de ler.
ResponderExcluirBeijinhos grandes.
Gosto tanto da doçura de Cecília Meireles. O poema é lindo, assim como o lenço dos namorados!
ResponderExcluirUm final de semana maravilhoso para você!
Abraços,
Carol
www.umblogsimples.com
Lindo poema!
ResponderExcluirQue seu fim de semana seja doce, como doce é o poema que você nos trouxe!
Abraços,
Marcilane - Simples Inspirações
Oi Ana Virgínia,
ResponderExcluireu amei o Lenço dos Namorados que postou, com as promessas bordadas em meio a pássaros e flores.
Esse poema de Cecília Meireles mostrou o amor sofrido de Marília e Dirceu e a doce lembrança do Lenço dos Namorados.
Bejim e bom domingo.
Marília de Dirceu... Pouca gente conhece.
ResponderExcluirMas a poesia de Cecília Meireles TODA a gente devia conhecer de tão bela e tão sensível.
Muito bonito!
mtoo lindoo
ResponderExcluirbjo
respireecase.blogspot.com.br