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15 setembro 2020

Transplante - Uma montanha russa de emoções.

No dia que minha mãe foi oficialmente para a fila do transplante nós inserimos nossos números de telefone na ficha dela, no hospital. O número do celular de nós três: o meu, o da minha mãe e o da Tháila, minha irmã. 

O médico disse que, no dia que houvesse um doador com o órgão compatível (transplante de fígado) eles ligariam para esses números. 

Na noite do dia 14 de agosto, recebemos a ligação. 

Minha irmã, que trabalha em outra cidade e estava trabalhando lá naquele dia, recebeu a ligação do médico. O médico disse que houve uma doadora compatível com minha mãe e ele acreditava que o transplante daria certo. 

Minha irmã tinha o dever de nos comunicar. Ela estava chorando quando ligou... e foi uma loucura receber essa notícia. Uma mistura de emoções: alegria, medo, ansiedade, gratidão... uma mistura desses sentimentos juntos. 

Estávamos em casa, eu, minha mãe e o Luís, meu noivo. Tínhamos acabado de jantar. Estávamos sentados à mesa ainda. 

Eu liguei para o médico para que ele repetisse as informações que já tinha passado para a minha irmã. Ele deu as orientações para internação e disse mais uma coisa: "Pode acontecer que, quando a equipe médica for fazer a captação do órgão, percebam que o órgão não está 100%. E nós só fazemos transplante se o órgão estiver 100%." 

Guardamos essa informação. Mas vivemos intensamente todos os momentos, acreditando que o fígado da doadora estaria 100%. 

Minha mãe internou, fez os exames pré-cirúrgicos e recebemos a notícia que o órgão não estava 100%. 

Voltamos pra casa.

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Daquele dia até hoje, conversamos com transplantados de fígado. Pessoas que são fonte de inspiração e esperança pra nós. E eles disseram que isso também aconteceu com eles. É comum isso acontecer: que o órgão do doador não esteja 100%. Então, o transplante não é realizado.

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Somos gratas por esta mulher que viveu, morreu e teve o desejo de ser doadora de órgãos e, desta forma, prolongar a vida de outras pessoas. O órgão que minha mãe precisa não estava bom para o transplante, mas acreditamos que ela prolongou a vida de outras pessoas, pois um doador pode ajudar muitas pessoas que estão nas filas de transplante aguardando fígado, coração, rim, córneas, pulmão, ossos... 

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Estamos no mês da conscientização sobre a doação de órgãos. 
Você já conversou sobre este assunto com alguém? 






6 comentários:

  1. Um tema que mexe comigo. Porém espero que a sua Mãe esteja a recuperar.
    .
    A Minha Mãe Morreu há 26 anos e já nessa altura ela doou um rins ao irmão mais nove que estava na lista de espera e que, pela lógica passou à frente, pela compatibilidade. Uma senhora ficou com o pâncreas, entre outras coisas. Ou seja, ela foi-nos entregue limpinha e até sem as corneas, isso foi duro, mas duro demais. Já não nos bastava a sua morte repentina aos 53 anos.

    Deu vida a "outros" que alguns também já faleceram incluindo o Irmão. É a lei da vida

    Gostei de ler. Saúde para a sua Mãe.
    *
    Sinto, que meu corpo se perde do teu laço
    *
    Beijos, e um excelente dia :)

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  2. Que sufoco,imagino! Angustiante espera essa. Pena não era o certo, mas logo há de chegar! Importantíssima a doação! beijos, boa sorte! chica

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  3. Pela lei cá somos todos doadores a não ser que nos registemos como não doadores - não conheço ninguém que se tenha registado como não doador


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  4. Que bom esse relato, serve de muito exemplo pra gente. Confesso que nunca falei disso com alguém, mas doação é muito importante.

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  5. Obrigada pelas suas palavras lá no meu blogue
    um abraço
    Gábi

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  6. amiga te desejo tudo de bom para ti e taua familia que deus esta sempre a vosso lado bjs

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