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18 março 2021

Transplante de fígado

 Eu postei aqui, em setembro do ano passado, sobre uma experiência que tivemos enquanto minha mãe estava na fila, à espera de uma doação de órgãos. 


Pois bem, os dias por aqui estavam tumultuados, angustiantes, cheios. 

No início de 2020 tivemos as notícias sobre a pandemia e também sobre a situação da saúde da minha mãe. 

Em setembro de 2019 recebemos a notícia que ela precisaria de um transplante de fígado, devido a uma cirrosa de causa não identificada. 

Em dezembro de 2019, os exames que ela fez indicaram que ela não precisaria mais de um transplante. 

Em março de 2020, os exames voltaram a mostrar grandes alterações. Novamente estávamos na fila para um transplante de fígado, à espera de um órgão.

Em agosto de 2020, conforme citei na postagem do link acima, recebemos uma ligação que nos informava a doação de um órgão compatível. Mas a cirurgia não pôde ser realizada. (Leia lá). 

Daí por diante, tivemos mais esperança. 

Soubemos que minha mãe estava na ponta da lista. Ela era a primeira da lista para receber um fígado que fosse de um doador com o mesmo tipo sanguíneo dela.

Ao mesmo tempo que tivemos esperança, tivemos também muitos dias difíceis. A situação dela estava se agravando a cada dia. Já não conseguia realizar as tarefas básicas em casa. Ficou dependente de nós (de mim e minha irmã). Nós duas trabalhando, dependíamos de amigos e vizinhos seja para uma alimentação para ela ou levá-la ao hospital semanalmente. 

Embora toda dificuldade e sofrimento, cada dia levantávamos com coragem, com fé. 

Os médicos diziam que, com a pandemia, o número de cirurgias de transplante diminuíram muito. 

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No dia de fevereiro, sábado à noite, estávamos em casa. 

Sentados na sala, assistindo TV, conversando sobre a vida. 

O telefone da minha mãe tocou e estava próximo de mim. 

Era um número diferente. Não estava salvo na memória do telefone. Esse fato - ser um número diferente - já fazia nosso coração disparar. Podia ser o médico que avisa sobre o transplante. Toda vez que o telefone tocava e era um número diferente, pensávamos que podia ser o médico. 

Nesse dia era ele mesmo. Novamente. 

Ele se apresentou e, novamente, uma grande emoção tomou conta de nós. 

Minha irmã estava aqui em JF. Nossos namorados estavam conosco. Minha sogra e uma vizinha amiga também estava aqui. 

Ao anunciar que era o médico, tive que sair da sala para ouvir o médico, pois a emoção e a esperança foram traduzidas em choro, lágrimas. 

Meu coração estava quase saindo pela boca. Mas, sabia que era necessário concentrar nas orientações dele. 

Após a notícia, fizemos uma oração. Oração de agradecimento. Oração de esperança. 

O médico disse que, novamente, o doador não era da nossa cidade. 

A captação do órgão aconteceria em outra cidade. E fez todas as orientações. 


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Minha mãe internou no dia 21 de fevereiro, domingo, pela manhã. 

Eu e minha irmã pudemos acompanhá-la até por volta de 14h, quando foi para o centro cirúrgico. 

Existia em nós um medo que os médicos dissessem que o transplante não pudesse ser feito. Mas existia também uma grande esperança. Num determinado momento eles disseram que estava tudo certo para que a cirurgia pudesse acontecer. 

A cirurgia começou por volta de 16h. Terminou por volta de 1h da manhã. Quase 10h de cirurgia. 

A notícia que ocorreu tudo bem na cirurgia nos tranquilizou. 

Ela ficou 3 dias na uti. 

12 dias no quarto. Enquanto estava no quarto, eu e minha irmã revezamos para ficar com ela durante todo o tempo. 

Agora ela está na recuperação da cirurgia. Estamos em isolamento em casa, enquanto a cidade está em Lockdown. 

Está se recuperando bem. Alimentando bem. Voltando a andar, devagar. (Antes da cirurgia ela não aguentava andar muito bem). 


Existe uma mistura de sentimentos entre nós. 

A gratidão a Deus e ao doador de órgãos. A gratidão a tantas pessoas que nos ajudaram até aqui. A gratidão às equipes dos hospitais por onde passamos. 

Tudo isso será assunto para as próximas postagens. 

No dia da cirurgia.




Antes de ir para o centro cirúrgico.




No hospital, 10 dias após a cirurgia, hora da fisioterapia. 


Abraço. 
Até mais. 

14 março 2021

Oi 2021

 Eu sinto falta desse espaço, das interações e dos aprendizados que sempre vivo por aqui. 

Mas os dias andam muito corridos e a vida como uma montanha russa. 

Está tudo bem. 


Dia 23 de fevereiro lembramos do décimo ano do falecimento do meu pai. 


Meu Deus, quanto tempo! Há 10 anos José não vive fisicamente aqui conosco. 

Mas vive em nós. Vive na coragem que buscamos. Em nossa fala. Em nossas ações. Em nossos sentimentos. Na comida que fazemos, aquela comida que ele mais gostava.


Eu lembro que, quando eu chorava sobre a dor que a falta de José provocava em mim, a Ana Paula, em uma das cartas que trocamos, me consolava. Ela dizia que um dia a saudade seria um sentimento leve, que daria guardar em uma caixa forrada com folhas de seda. (As palavras dela era algo assim). E eu respirava fundo, sabendo que um dia a saudade não seria somente dor e lágrimas. 


Após 10 anos da partida do José, meu pai, ainda sinto falta.

Mas consigo sorrir ao lembrar dele. 

Consigo até admirá-lo e amá-lo cada vez mais. 

Todo carinho, toda educação que ele nos deu (a mim e a minha irmã), dão frutos hoje. 


Ao lembrar dos 10 anos da partida de José, lembrei também que há 10 anos (a se completar em agosto),  estou presente no blogger, com este blog: Filha de José. 


Agradeço a você que passa por aqui de vez em quando. 

Agradeço as amizades que foram construídas por meio deste espaço. 


Até mais.