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28 junho 2020

Tenho visto coisas bonitas

Temos acompanhado minha mãe ao hospital toda quarta-feira, para que ela faça o procedimento paracentese (retirada de água da barriga).

Conhecemos 9 pacientes que vão lá, às quartas, para fazer esse procedimento. Minha mãe é a única mulher.

Soubemos que nem todas as pessoas que fazem a paracentese estão na fila do transplante. Para entrar na fila do transplante o paciente tem que obedecer uma série de recomendações e, se por acaso não consegue obedecer, não entra na fila. Um exemplo é a bebida alcoólica. No caso do transplante de fígado, o paciente não pode pensar em tomar nada que tenha álcool.

São homens com idades variadas que encontramos às quartas-feiras e não sei o motivo da doença deles. Tem gente nova, mais ou menos da minha idade, trinta e poucos anos. E senhores com mais de oitenta anos.

E foi com um desses senhores que observei uma cena de extrema beleza. Quem o acompanha é um neto, de dezoito anos mais ou menos. O menino tem um carinho pelo seu avô que os que estão à volta ficam admirados. Igual eu fiquei. Fica perto, abraça, fala perto do ouvido com carinho para o avô escutar, arruma a máscara, ajuda-o a passar álcool em gel nas mãos. Oferece água e frutas (porque ficamos uma manhã inteira no hospital). Ajuda o avô a caminhar com bengala ou sem ela. É um cuidado ao idoso que precisamos cultivar.

Bonito também é ouvir o neto valorizar o passado do seu avô. Falando e motivando-o a falar da profissão que exerceu durante grande parte de sua vida. Foi porteiro. E fala sobre isso com uma alegria e saudade de trabalhar.

Gente, eu até levo livros para ler enquanto aguardo, a manhã inteira, minha mãe no hospital. Mas as histórias e as vidas que estão ali são também muito interessantes. O livro eu posso ler depois. Agora, aprender com a história e a vida daquelas pessoas tem sido um presente.

Em épocas em que não valorizamos o idoso e seu poder de nos ensinar com sua experiência e história, encontrar uma cena e uma realidade assim é raridade.

Isso é uma coisa bonita.

Até a próxima história.




23 junho 2020

Quarentena 5

Os dias não são os mais fáceis e leves por aqui.

O vírus não alcançou nossa casa. Mas esteve presente em nossa família. Meu tio, irmão da minha mãe teve corona vírus. Está em recuperação sem necessitar de internação.

Minha mãe está na fila do transplante do fígado. O caso dela se agravou um pouco no último mês. Está fazendo paracentese (tirar água da barriga) toda semana. Vamos com medo do vírus. Mas temos que ir ao hospital toda semana.

Também estamos na reconstrução do muro que desabou nas chuvas de janeiro passado. O muro atingiu duas paredes de nossa casa, que conseguimos reconstruir no mês de abril. Agora, neste mês de junho começamos a reconstrução do muro. Muitos gastos, muita poeira, muito trabalho.

Continuo trabalhando pelo colégio, on line e, acompanhamos as notícias do retorno para a escola. Também com medo.

Faço brigadeiros e bolos quando tenho encomenda. E a cozinha é a minha válvula de escape. É o momento que eu esqueço um pouco de tudo isso que estamos vivendo. Mas, logo depois, volto para a realidade.

Quero interagir no blog com mais frequência. Mas, por esses dias não consegui.

Espero que vocês que passam por aqui estejam bem.

Abraço.